Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A Pedra do Letreiro

A Pedra do Letreiro é um cantinho onde pretendo partilhar convosco as minhas paixões pela escrita e viagens/caminhadas pelos recantos destes dez grãozinhos de areia espalhados por este imenso Atlântico

A Pedra do Letreiro

A Pedra do Letreiro é um cantinho onde pretendo partilhar convosco as minhas paixões pela escrita e viagens/caminhadas pelos recantos destes dez grãozinhos de areia espalhados por este imenso Atlântico

D'SAFOR D'MÔTCH

O homem crioulo é por natureza desaforado. Ele pode atirar-se às mulheres dos outros mas se alguém mexer com a mulher dele pode crer que está a comprar guerra.

Esta letra retrata uma das tradições de maior expressão na cultura cabo-verdiana, o "cola sanjon", e a escolha da Ribeira de Julião não só se deve ao facto de ali, à semelhança do Porto Novo, se festejar o São João Baptista, mas também por eu querer, de uma forma singela, render uma homenagem àquele que tão bem soube eternizar, através da linguagem musical/poética, o modo de vida do homem cabo-verdiano, Manuel de Novas que, embora nasceu na zona de Penha de França, ilha de Santo Antão, é considerado filho de São Vicente, ilha onde viveu a maior (ou boa parte) parte da sua vida. E tal como ele, expressei-me em crioulo, não naquele que se quer padronizar, mas naquele onde as regras não impedem o cabo-verdiano de ser livre e original. A nós os "desaforados", dedico:

 

D'SAFOR D'MÔTCH

 

Aonte na rbera d'Julion 
Na ressaca d'um nôt d'sanjon 
E'm oiâ gente na um c'zê c'fazê 
Na um terpida d'um tamborada

 

Na pensa c'ma era lumnada 
E'm resolvê proximá pá expiá
Pá confiri o que tava tá passá 
Ma kl malta na kl barafundada

 

De repente sangue ferve'm na veia 
Nêva resolvê tapa'm na oi 
Quando e'm oiâ kl desgrassada 
Rodeod d'homê na kl vissarada

 

Era um colar diferente 
Um repicar de pau na tambor 
C'um tá dá d'trás ot tá dá d'frente 
Um suar de corpo d'respingá calor

 

E'm gritá bem alto 
Já tchere'm intentaçon
Ó diabo d'infer fastá de nha m'djer 
Se bô cá crê pá nô matá cumpanher

 

Ó senhor sanjon 
Por favor ocê perdoa'm 
Esse d'safor d'môtch 
Li na tchon d'rbera d'Julion.

 

Letra@ Socram d'Arievilo
Tela@ Severo Delgado

 

COLA SANJON.jpg