O (in)GRATO
ó ilha,
ó ilha minha
eu e tu
somos um
no peito do outro
batendo feito tambor
num rufiar endiabrado
de fazer colar sanjon.
dois corpos numa fusão
de rachar pedra ao sol
espirrando suor e lágrimas
sobre a terra queimada
que ferida pela enxada
brada aos céus chuva
de jeito tão estridente
que ao ecoar pelos vales
lembra o grito de quem
do ventre expulsa sua cria.
oh que saudade sem fim
que já se prendeu em mim
ao folhear as páginas da vida
do pequeno menino filho da ilha
que ousou sonhar com o mundo
e acordou exilado noutra ilha!
Socram d'Arievilo in "A Pedra do Letreiro"
foto @ Marco Samuel